DANI BALBI: DRAMATURGA
Desde pequena, Dani aprendeu que o conhecimento é uma arma poderosa — e fez dele sua principal ferramenta de transformação. Estudou em escolas públicas durante toda a infância e adolescência, e nela ganhou a consciência de toda desigualdade social que a cercava e sentiu que precisava lutar defender a educação. Foi nesse processo de acúmulo de consciência que Dani filiou-se à maior organização de juventude política da América Latina, a União da Juventude Socialista, onde se formou politicamente, aprendeu mais sobre a luta de classes e dedicou sua juventude à defesa da educação, da cultura e dos direitos humanos. Em pouco tempo, Dani ingressou nas fileiras do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), legenda à qual permanece fiel até hoje, com a mesma convicção que carregava ao entrar na sala de aula ou ocupar uma tribuna seja como militante da UJS que foi até seus 29 anos, como determinava o estatuto da entidade, seja pelo PCdoB, partido no qual se aprofundou na formação política iniciada junto aos jovens socialistas, com quem até hoje mantém ótimas relações.
Sem deixar de militar, Dani encerrou seu ensino médio e ingressou, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a mesma firmeza com que mobilizava a juventude pelas ruas tem defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Cursou o Bacharelado e a Licenciatura em Letras – Português/Literatura, entre 2007 e 2012, aprofundando seus estudos com o Mestrado (2012-2014) e o Doutorado (2015-2019) em Ciência da Literatura. Tornou-se, assim, a primeira mulher trans a conquistar o título de Doutora pela UFRJ, escrevendo a tese A subtração das categorias "história" e "trabalho" do drama social contemporâneo: de Black-tie a Tênis nike.
Dani também fez história como a primeira professora trans da Escola de Comunicação da UFRJ, onde ensinou e inspirou gerações. Atuou como docente de Redação, Literatura e Língua Portuguesa no Colégio de Aplicação da UFRJ e em escolas públicas e privadas do Rio, levando sua paixão pela linguagem e pelas artes para as salas de aula mais diversas. Desde março de 2025, segue sua formação acadêmica como pós-doutoranda em Cinema, TV e Vídeo na mesma universidade, com previsão de término em março de 2026
Mas sua trajetória não se limita à academia: Dani é roteirista, argumentista e codiretora. Frequentou o curso de formação em Roteiro para Audiovisual na AICTV e, desde então, colaborou com diversos projetos no cinema e na televisão. Foi curadora de dramaturgia em iniciativas como o projeto A Ponte, do Itaú Cultural, em 2020 e 2021, e atuou como curadora de editais da Secretaria de Cultura de Niterói, além de debatedora no Canal Futura entre 2022 e 2023. Roteirista e codiretora do docudrama Azangulê: o levante, produzido pela Imagine Filmes com apoio estadual, também foi apresentadora, pesquisadora e roteirista do programa Cabeça Feita, da TV Grabois.
Entre 2021 e 2022, trabalhou como roteirista na Take4content e, nos primeiros meses de 2022, foi contratada pela Paramount, onde roteirizou obras cinematográficas até o fim do ano. Atualmente, além do mandato como Deputada Estadual no Rio de Janeiro, leciona narrativa e dramaturgia para audiovisual na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Ao ser eleita a primeira deputada trans da história da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Dani Balbi não apenas ocupou uma cadeira no parlamento — ela rompeu uma das mais resistentes barreiras de exclusão da política institucional. Sua presença ali, no centro das decisões que moldam a vida do povo fluminense, é símbolo e consequência de uma trajetória marcada pela coragem, pela inteligência e pelo compromisso inabalável com a educação pública, com a cultura e com os direitos das pessoas trans, negras e periféricas.
Do Engenho da Rainha à UFRJ, do Cap-UFRJ aos sets de filmagem, da sala de aula ao plenário da ALERJ, Dani Balbi é prova viva de que o conhecimento transforma — e que é possível, sim, sonhar com um mundo mais justo, a partir do chão onde se nasceu.